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13/12/22

4 min de leitura

Inteligência Artificial e o fim da criatividade de designers

Samuel de GoisSamuel de Gois

A internet é o novo mar criativo do mundo. É impossível falar em criação de conteúdo sem mencionar como tal coisa vai funcionar dentro do universo virtual. As formas até podem ter mudado: vídeos curtos, textos rápidos e manchetes chamativas; e as plataformas de maior sucesso também: TikTok, Instagram, Shorts do Youtube. Entretanto, ainda que você não seja fã das inovações de conteúdo e suas plataformas, é inegável que a criatividade segue em alta.

Dito isso, atualmente a diversão da internet tem sido a criação de coisas que beiram o surrealismo. E o conceito de geração de imagens foi justamente nesta direção. A revista Cosmopolitan, por exemplo, estampou a primeira capa gerada por uma Inteligência Artificial. A mesma extensão foi feita para os vídeos, com a ideia do DeepFake: uma alteração de imagem em que é possível inserir o rosto de uma pessoa em qualquer vídeo. Os perigos disso, na era das Fake News, é óbvio.

Mas não para por aí. Agora, a Inteligência Artificial (IA) chegou de vez no universo de design e uma questão surgiu: o quão problemática é esta automatização e como isso pode atrapalhar na criatividade dessas pessoas criadoras?

Inteligência Artificial x Designers

Os casos de IA no meio desta área não são de agora, mas definitivamente têm crescido. Por exemplo, o Canva, uma ferramenta de criação de artes, ganhou um recurso que utiliza a automação de imagens por meio da descrição delas. Ou seja, é possível fazer uma conversão de texto para arte. Entretanto, funciona apenas para imagens simples. Neste caso, é fácil de perceber como a Inteligência Artificial traz benefícios para este universo, servindo mais como um atalho do que como substituto.

Mas existem algumas tecnologias que apontam para outra direção.

É o caso do aplicativo mobile Lensa, que cria avatares cartunescos a partir de fotos reais das pessoas — tudo por meio de uma ferramenta de IA. Não demorou muito para que virasse uma febre da internet, com várias celebridades brasileiras fazendo uso e postando o resultado nas redes sociais. Até aí, parece não haver muitos problemas, pelo menos nada além da substituição do trabalho que designers poderiam fazer.

Entretanto, este aplicativo, e muitas outras ferramentas baseadas em Inteligência Artificial, praticam algo parecido com pirataria intelectual. E é aí que mora a reclamação das pessoas que trabalham com design.

O problema desses aplicativos

Além do fato de que ferramentas assim desvalorizam o trabalho de designers, existe uma outra grande questão. Inteligências artificiais não funcionam por conta própria, pelo menos não do jeito que algumas pessoas imaginam. Até que a ferramenta ou máquina possa ter alguma autonomia, ela precisa aprender como se comportar. É até mesmo parecido com a educação que pais dão para uma criança. No caso, existe um treinamento que é chamado de machine learning (aprendizagem de máquina). Nele, os sistemas aprendem o que devem fazer a partir de outros sistemas.

E é essa a reclamação de designers dentro de toda essa polêmica. A grande questão é que, nesta situação em específica, essas IA’s podem não estar aprendendo com sistemas, mas com o trabalho de outras pessoas. Ou seja, enquanto usuários pensam que o processo de automação é genial, a IA está apenas reunindo um compilado de dados de outras artes e imagens, e misturando isso para resultar no desenho que você posta. E o pior de tudo: algumas dessas artes são protegidas por direitos autorais de pessoas que nem sabem disso.

Portanto, várias pessoas que trabalham com design afirmam que isso se trata de plágio. E não acaba por aí, não. Do mesmo jeito que a automação de qualquer outra atividade causa certa lerdeza individual, o uso de Inteligências Artificiais para a criação de arte pode começar a afetar a criatividade de artistas.

O fim da criatividade?

Em alguns casos, a IA pode ser usada para complementar sistemas de arquivo. Sabe aqueles bancos de imagens gratuitas? É exatamente isso. Ou seja, gera uma democratização do acesso a imagens. Mas quando se fala de obras de arte, como ilustrações para artigos, livros ou capas de álbuns, esses, sim, podem estar em risco.

A IA não surge para contribuir com isso e facilitar a vida de designers. Na verdade, seu papel é substituir essas pessoas. Por mais que pareça apenas um futuro apocalíptico, o perigo é sério. Afinal, que empresa não gostaria de poder baratear suas criações e conseguir resultados similares?

Para empresários, pode parecer o mundo dos sonhos, mas se a IA é apenas uma reprodução e compilação de outros trabalhos, é evidente que ela não é criativa. Ou seja, pode parecer possível que essa substituição aconteça, mas isso só vai acabar minando a próspera área de arte comercial. E pior ainda: limitando a criatividade de tantos e tantas designers capacitados. Inteligências Artificiais não podem planejar um desenho mais ousado ou fora da caixinha. Elas precisam seguir o padrão aprendido no seu treinamento. No fim das contas, a arte como um todo sofre com essa automação.

E o que você acha sobre toda essa discussão? Aproveite para ler sobre Design Thinking e como isso pode impulsionar a sua criatividade. E fique de olho por aqui, viu? Temos textos inéditos toda semana.

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